(Sermo 5 de diversis, 4-5: Opera omnia.
Edit.Cisterc. 6,1[1970]103-104) (Séc.XI)
Os graus da contemplação
Firmemos os pés no reduto, na pedra solidíssima, apoiados com todas as forças em Cristo,
como está escrito: Firmou meus pés sobre a pedra e dirigiu meus passos (Sl 39,3). Assim
firmes e estáveis contemplemos para ver o que nos dirá e o que responderemos ao que nos
repreende.
O primeiro grau da contemplação é então este, caríssimos, que consideremos sem cessar o que
quer o Senhor, o que lhe agrada, aquilo que é aceito diante dele. E já que em muitas coisas
todos nós faltamos (Tg 3,2) e nossa força vai de encontro à retidão de sua vontade, sem poder unir-se ou adaptar-se a ela, humilhemo-nos sob a poderosa mão do Deus altíssimo e
procuremos mostrar-nos bem miseráveis aos olhos de sua misericórdia, dizendo: Cura-me,
Senhor, e ficarei curado; salva-me e serei salvo (Jr 17,14), e ainda: Senhor, tem compaixão de mim, cura minha alma porque pequei contra ti (Sl 40,5).
Com o olhar do coração purificado por estes pensamentos, já não nos entretemos com nosso
espírito na amargura, porém, muito mais com o espírito divino com grande atrativo. Não
refletimos mais sobre a vontade de Deus em nós e sim no que ela é em si mesma.
Na vontade de Deus se encontra a vida (Sl 29,6 Vulg.). Por isto não duvidamos de que, em
tudo, o mais útil e fácil para nós é aquilo que é conforme a sua vontade. Então com a mesma
solicitude com que desejamos conservar a vida de nossa alma, não nos desviemos dela, na
medida do possível.
Enfim, tendo-nos adiantado um pouco no exercício espiritual, guiados pelo Espírito,
perscrutador das profundezas de Deus, pensemos na suavidade do Senhor, como é bom em si
mesmo. Com o profeta, roguemos ver a vontade de Deus e visitar já não mais nosso coração,
mas seu templo; dizendo contudo: Dentro de mim, minha alma está perturbada: por isso
lembrar-me-ei de ti (Sl 41,7).
Nestes dois pontos consiste toda a nossa vida espiritual: olhando para nós, nos perturbemos
entristeçamos, para nossa salvação; e respiremos desafogados na consideração das coisas
divinas, para recebermos a consolação na alegria do Espírito Santo. De lá nos venha o temor e ahumildade, e daqui, brote em nós a esperança e a caridade.
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
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